Bia Haddad única brasileira a entrar na chave principal em Roland Garros

Foto: Matthew Stockman / Getty Images Roland Garros é conhecido por ser o Grand Slam "mais brasileiro" de todos. Além do tricampeonato de Gustavo Kuerten e do título de Marcelo Melo, em 2015, o torneio costuma receber muitos tenistas do Brasil por ser disputado no saibro. Porém, em 2018, apenas uma está garantida na chave principal da competição. Bia Haddad Maia, atual 63ª do ranking da WTA, entrou direto e disputará o torneio pela segunda vez na carreira. No masculino, os jogadores vão precisar passar pelo qualifying.

Atletismo: Mundial Paraolímpico - Terezinha fatura mais um ouro

Terezinha
Foto: Beto Monteiro / Exemplus
CPB
A alegria de Terezinha Guilhermina, 32 anos, é contagiante. Transborda. Vaidosa, ela só corre com as unhas pintadas, o cabelo bem preso e uma faixinha na cabeça. Tudo combinando e de preferência nas cores do Brasil ou de seu patrocinador. Vítima de retinose pigmentar, ela não enxerga mais nada e tem como fiel escudeiro Guilherme Santana, 27, para ajudá-la a se arrumar e enfrentar o grande desafio: correr no escuro. É o paulista quem a orienta na pista de atletismo há quatro meses e, no segundo dia de competições no Mundial Paraolímpico de Atletismo, em Christchurch, acompanhou a velocista nos 200m rasos, classe T11 (cegueira total). Em perfeita harmonia, a dupla cruzou a linha de chegada em 24s98 e garantiu a segunda medalha de ouro ao Brasil.

A alegria da bicampeã mundial dos 200m rasos começou já na véspera. Na seletiva, ela conseguiu realizar um sonho perseguido há 10 anos: quebrar a marca mundial da prova. “Desde que comecei a correr, queria superar esse recorde e não conseguia. Podia ter me concentrado em quebrá-lo na final, mas quis dar tudo na seletiva para não sentir tanta pressão”, explicou a mulher cega mais rápida do mundo. Com 24s74 na seletiva, ela superou o tempo que pertencia à também brasileira Ádria Santos, de 24s99, conquistada na Paraolimpíada de Sydney-2000. “Tenho o recorde mundial nos 100m e nos 400m. Faltava esse”, emendou, com um sorriso largo e confiante.

A mineira de Betim nasceu em família humilde, entre 12 irmãos — cinco deles com a mesma doença. Com dificuldades para aceitar a perda total da visão, Terezinha chegou a tentar burlar os exames de classificação funcional, mas não conseguiu. Teve que se adaptar e enfrentar a classe dos que não enxergam nada. Agora, já totalmente adaptada, ela dispensa a ajuda do guia para se posicionar no bloco de largada. Na verdade, é a atleta quem coloca Guilherme no lugar dele e posiciona a cordinha — único elo entre os dois durante a prova. “Ela tem espírito de guerreira. Para conseguir acompanhá-la, é preciso fôlego, porque a mulher corre! Mesmo participando das conquistas, sinto que sou apenas 10% de tudo. É ela quem comanda”, garantiu o guia.

Quem é ela
Nome: Terezinha Guilhermina
Nascimento: 3/10/1978 - em Betim (MG)
Altura: 1,63m
Peso: 60kg
Classe: T11
Provas: 100m, 200m, 400m e 4 x 100m
Principais conquistas: bronze nos 800m na Paraolimpíada de Atenas-2004; ouro nos 200m, prata nos 100m e NOS 400m no Mundial de Assen-2006; ouro nos 100m, nos 200m e nos 400m no Parapan do Rio-2007; ouro nos 200m, prata nos 100m e bronze nos 400m na Paraolimpíada de Pequim-2008; e ouro nos 200m do Mundial de Christchurch-2011.

Escudeiro
Mesmo com pouco tempo de parceria, Terezinha afirma, com frequência, que Guilherme é o melhor guia que já teve desde o seu início nas corridas, em 2000. “É como se eu corresse no piloto automático. Não sinto que estou correndo ligada a alguém e isso é maravilhoso”, exaltou, após a prova, ainda esbaforida e animada com a conquista.

Mesmo com a medalha de ouro no pescoço, Terezinha sabe que os desafios no Mundial apenas começaram. Agora, a atleta se prepara para defender seus recordes mundiais nos 100m e nos 400m nesta semana. “Treinamos muito e estou confiante. Os 400m são os mais duros. Eles me matam, mas eu irei matá-los também”, brincou.

Além da conquista de Terezinha, a acriana Jerusa dos Santos garantiu a prata na prova, fechando a dobradinha brasileira com o tempo de 26s98.

O segundo dia de competições foi encerrado com a vitória de Lucas Prado (ouro) e Daniel Silva (bronze) nos 100m T11.

Doença genética
A retinose pigmentar, uma doença genética, afeta a retina e o nervo óptico, causando a redução da visão. No processo, ocorre uma alteração em algumas células da retina, chamadas de cones e bastonetes. Essas células são responsáveis por transformar a luz em impulsos nervosos que serão levados ao cérebro para a formação das imagens. As mesmas células são progressivamente lesadas e a visão piora aos poucos. As estimativas são de que existam mais de 40 mil pessoas com a doença no Brasil.

por Ananda Rope
Correio Braziliense

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